quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Atrasado...

Dizem que no Brasil o ano só começa para valer depois do carnaval, bom, não é de todo mentira, tanto que, apesar de ter decidido começar o meu um pouco antes, aqui estou iniciando uma nova etapa da minha vida após o carnaval. Começar talvez não seja a palavra certa, mas sim re-começar, retomar de onde parei, buscar outros objetivos, outros rumos, sei lá...

Meu ano começou estranho, de molho me recuperando de uma cirurgia. Televisão, lasanha congelada, sopão e sorvete. Assisti tanta televisão que se o Polishop precisasse de um vendedor para o Juicer Kitchen Revolution ou para a Multi Hidro Lavadora Kärcher eu seria a pessoa mais indicada.

Resolvi no final do ano passado que faria tudo que sempre quis e, por um motivo ou outro, deixava para lá: aprender a tocar violão, fazer uma arte marcial, saltar de pára-quedas e “otras cositas más”.

Sou faixa preta, toco guitarra, um dia vou pular de asa.

Uma coisa sobre mim, sempre associo o que estou vivendo, ou simplesmente pensando, a alguma música, seja ela de que ritmo for, de que época for, tenha eu vivido ou não.

Coincidentemente, o convite para o salto foi feito num boteco por um amigo, vendo o jogo do Corinthians e tomando um choppinho. A arte marcial também, boteco diferente, bebida diferente. Já o violão... Preciso de um pouco mais de empolgação, aí quem sabe eu tomo vergonha e compro um.

Resolvi também cuidar um pouco de mim, cuidar da saúde: colesterol, triglicérides, ácido úrico e todos aqueles números que vêm escritos no resultado do exame de sangue; ir ao oftalmologista - tive que retirar umas coisinhas dos olhos que depois descobri serem hidroadenomas apócrinos (bonito nome não?) e terei que retocar minha cirurgia de correção a laser, feita há 7 anos. E por aí vai. Como disse um amigo meu, estou fazendo a revisão dos 35 mil km...

Tenho miopia, sou hipotenso, meu pé tá sempre dormente.

Aliás, os hidroadenomas apócrinos renderam uma história engraçada. Fui à oficina de um amigo (o mesmo da revisão dos 35 mil) e seu funcionário ao me ver sem as “protuberâncias” nos olhos perguntou se eu tinha retirado as “birrugas”, respondi que sim, e que eram hidroadenomas apócrinos, no que ele olha para mim e diz: “Ah, tá. Birruga.” e volta ao que estava fazendo. Nem para chamar de verruga! Ninguém me leva a sério mesmo...

Dez anos atrás tomei uma decisão que talvez tenha sido uma das mais idiotas da minha vida: larguei o curso de engenharia, por motivos que na época me pareceram certos, só que hoje vejo que nem tudo é preto ou branco, existe todo um leque de cinza... E como tudo nessa vida um dia volta ao ponto onde parou, tive que voltar para consertar meu erro, terminar meu curso.

Pelo menos estou tentando. Mas parece que para mim as coisas sempre são mais difíceis. A Universidade resolveu mudar as regras do vestibular, utilizar o Enem como primeira fase (a prova foi roubada, adiada e em seu lugar aplicada outra bem mais difícil) e uma prova inteira discursiva como segunda fase, coisa linda...

Depois da maratona de provas (devido ao episódio do Enem, as duas fases foram em finais de semana consecutivos), me vejo como um adolescente espinhento esperando pelo resultado do vestibular, algo que pode mudar minha vida. E adivinha quando sai o resultado? Quinta-feira depois do carnaval...

Outra coisa que também só começa depois do carnaval, regime. Sabe aquelas resoluções de fim de ano? Esse ano farei isso e aquilo, ou não farei aquilo e aquilo-outro? Pois é, só depois do carnaval... Vamos ver se consigo, pelo menos, me alimentar melhor, afinal de que adianta fazer revisão no motor do carro e continuar abastecendo com combustível ruim?

Não há mais festa, nem carnaval.

Acho que eu fui enganado.

Me diga as horas, eu vou embora

Hoje eu tô atrasado.”

O carnaval acabou, o ano está começando, finalmente.

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